Resiliência financeira, o que é isso?

Você já ouviu falar sobre Resiliência Financeira? Termo bacana não é mesmo? Pois bem, o significado é muito simples:

“é a capacidade de uma pessoa se recuperar, depois de enfrentar dificuldades financeiras”.

Na verdade, é um pouco mais que isso, é também a capacidade de suportar a pressão psicológica, a preocupação e a angústia que situações financeiras ruins causam.

Vou contar uma história: estava dando um treinamento na área de educação financeira em uma empresa (psicofinanças mais claramente, porque as empresas mais experientes e antenadas sabem que o dinheiro anda de braços dados com a vida mental e emocional de cada um de nós) e tive um aluno que chamarei aqui de John (nome fictício). O curso durava cerca de 8 semanas, mas o John fez várias vezes o mesmo curso, ele voltava a cada nova edição e, ele precisava mesmo de um combustível para enfrentar o que viria pela frente.

John se atrapalhou com tantos empréstimos e financiamentos ao mesmo tempo que a empresa resolveu ajudar permitindo descontos em folha (isso faz alguns anos e na época não havia controle de descontos da folha de pagamento). O endividamento era tão grande que quando conseguimos fazer um plano de pagamento, John teria cerca de 16 meses recebendo praticamente 0, isso mesmo, quase zero seria o salário dele por cerca de 16 meses.

Você consegue se imaginar trabalhando, dia após dia, durante cerca de 350 dias úteis “sem receber”? Sem receber não, porque ele estava sofrendo as consequências de ter feito todos os financiamentos e dívidas sem ter planejado (ele achava chato fazer planejamento). Claro que John sabia que ele mesmo tinha se metido numa enorme enrascada porque quis trocar de carro, comprar e mobiliar casa, casar e fazer uma festa …tudo isso quase ao mesmo tempo. Como poderia dar certo? E você não imagina quantos brasileiros fazem algo muito parecido.

Enfim, lá estava John, consciente dos erros, adotando um planejamento de pagamento de dívidas e tendo que se manter motivado e saudável mental e emocionalmente para enfrentar 16 longos meses.

Quando fechou cerca de 12 meses encerrei o contrato com a empresa e não o vi mais. Passados seis meses recebo uma ligação da assistente social da empresa em nome de John, contando que havia quitado diversas dívidas, que estava recebendo seu salário quase que integral e que iniciava uma reserva financeira. Muito podemos pensar em torno dessa história:

1. Quem não planeja pode se dar muito, muito mal
2. Sempre é possível sair de um enrosco financeiro, mesmo que demore
3. Aprender com erros e mudar atitudes é sinal de inteligência
4. Empresas devem limitar os descontos em folha (já fazem isso, ainda bem)
5. Uma lógica de endividamento pode se transformar em uma lógica de investimento

Algo que chama muito atenção nessa história é que John teve muita resiliência financeira, não só porque passou 16 meses sem comprar nada além de comida, ou porque suportou a dor das privações e teve controle emocional para seguir o plano. O ideal seria que ele jamais tivesse se endividado tanto, mas ele superou um modelo mental de endividamento e hoje é um praticante da essência da resiliência financeira, vejam as dicas que dá e segue:

• Evita fazer mais de uma dívida ao mesmo tempo
• Mantém uma reserva de emergência (6 meses do salário)
• A família toda tem controle emocional para comprar algo, somente quando possuem mais de 50% do valor para darem de entrada, mesmo que tenham que esperar um tempo maior para adquirir

E você pode se considerar um praticante da resiliência financeira? Você aguenta esperar e tem força para se recuperar? Conte sua história ou de alguém que conhece e continue nos acompanhando aqui.