Artigo - 13/01/2022

As mulheres e os investimentos

Homens e mulheres investem da mesma forma? Como acontece a relação com o dinheiro?

Podemos considerar o investimento como um deslocamento, quer dizer, “tiramos o dinheiro de um lugar e colocamos em outro”. Quando a gente deixa de comprar uma coisa e economiza, estamos deslocando o dinheiro de um gasto para um investimento. Portanto, para todo ganho existe uma perda correspondente e o desafio nas finanças é tornar a escolha lucrativa. Estamos sempre submetidos a luta travada entre lucro e prejuízo, e finalmente, começamos a perceber que ganhar ou perder dinheiro é muito mais que uma simples questão de lógica racional: nós nos relacionamos com o dinheiro.

Como é a relação com o dinheiro?

Existem diferenças nessa relação que dependem da personalidade, da forma como o dinheiro foi percebido na infância e do lugar simbólico que ele ocupa na vida de cada um de nós. Além disso, existem as diferenças de gênero que fazem parte da história e da cultura da humanidade: enquanto os homens caçavam e, mais tarde iam para o mercado de trabalho, as mulheres cuidavam e protegiam dos filhos. Com o olhar voltado à perpetuação da família, analisar as escolhas era uma necessidade das mulheres. Por consequência, uma das habilidades que as mulheres precisaram desenvolver foi a tolerância para esperar o “retorno dos investimentos”.

Via de regra, os homens arriscam e as mulheres são mais cautelosas. Nos investimentos financeiros, cautela e paciência, acarretam uma lucratividade maior. O universo feminino também deixou marcas no mundo financeiro. Até a revolução industrial, raríssimas mulheres dispunham de dinheiro. A partir do ingresso no mercado de trabalho, as mulheres passaram a obter seus próprios rendimentos - em média 30% a menos que os homens nas mesmas funções - e gradualmente passaram a investir.

Homens e Mulheres investem da mesma forma?

Não, é interessante observar que no mercado de ações, por exemplo, as mulheres possuem resultados melhores que os homens no longo prazo e que não compram ações de empresas muito voláteis, pois são arriscados demais. Já os homens arriscam pelo sabor do desafio e pela possibilidade de retorno rápido. As mulheres operam tendo foco no longo prazo, buscando a gratificação menos arriscada e mais duradoura. Elas estudam os fundamentos cuidadosamente e procuram empresas com boas práticas de governança corporativa.

Para finalizar, convém salientar que mesmo ingressando no mercado de trabalho formal tardiamente e iniciando a “vida de investidora” lentamente, as mulheres têm inundado o mundo das finanças com suas peculiaridades e mostrado que diferenças existem para serem respeitadas. A propósito, cabe lembrar do filósofo Aristóteles que define respeito como o meio termo entre a vaidade (vício por excesso) e a modéstia (vício por falta). Que tenhamos equilíbrio entre o excesso e a falta diante do dinheiro e que todas as nossas escolhas nos tragam ganhos e prosperidade.

Márcia Tolotti
Autor

Márcia Tolotti

Psicanalista, psicóloga, escritora, especialista em psicofinanças e sócia da SOS MINDSET. Mestre em Cultura, MBA em Marketing e Especialista em Inovação e Cooperativismo.

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