O que a dopamina tem a ver com o seu dinheiro?

A dopamina é um neurotransmissor, uma espécie de mensageiro químico do nosso cérebro que realiza a comunicação entre os neurônios “nos fazendo sentir” prazer, motivação e até vontade de agir.

Quando comecei a estudar sobre isso pensei: então não temos controle sobre isso já que é uma “química” em nosso cérebro? Minha surpresa foi descobrir que podemos interferir na sua regulação. Dependendo das nossas escolhas regulamos para mais ou para menos. Mas a maior descoberta foi relacionada ao processo viciante que a dopamina gera. Isso mesmo, dopamina vicia, e é aí que mora o perigo.

Quem não gosta de sentir prazer, de ter motivação? Inconscientemente, percebemos aquilo que gera prazer e vamos repetir as ações para nos sentirmos melhor. Isso é natural e saudável. O problema ocorre quando não conseguimos diferenciar a dopamina barata da dopamina cara.

• Dopamina barata: gera satisfação rápida e intensa, mas logo acaba porque é passageira. Encontramos nas curtidas em nossos posts, nas mensagens com emojis fofos, rolando feeds sem parar, jogando on line, ingerindo açúcar, gastando sem planejar e sem pensar nas consequências.
• Dopamina cara ou boa: também gera satisfação, mas dá mais trabalho. Por exemplo, fazer um exercício físico traz satisfação, mas temos que suar, fazer esforço e passar “trabalho”. Escolher a salada ao invés do chocolate, maratonar no lugar de ler um bom livro.

Qual é a vantagem da dopamina cara ou boa? São muitas vantagens, vamos comparar:

Com relação ao dinheiro, quando apostamos, compramos “porque estava em promoção”, não guardamos ou investimos nosso dinheiro “porque a vida é agora” ou só utilizamos a frase “porque mereço”, produzimos uma dopamina barata. Sentimos prazer, mas o efeito no médio e longo prazo é péssimo.

Por outro lado, quando investimos, criamos uma reserva de emergência e planejamos gastos, controlamos nosso futuro. A princípio até sentimos um pouco de desconforto, mas logo passa quando percebemos que somos donos do nosso destino e que não seremos reféns de nenhuma situação imprevista ou de alguém. Produzimos a boa dopamina que perdura porque nos respeitamos.

Fica a questão: qual dopamina você quer produzir? E caso tenha optado pela parte boa dessa “química”, vou compartilhar algumas formas para seguir nesse caminho:

• Correr, caminhar, nadar ou dançar libera dopamina e outros neurotransmissores, gerando prazer duradouro.
• Contato com a natureza ativa circuitos de prazer ligados à dopamina boa.
• Tocar um instrumento, pintar, escrever, cozinhar ou aprender algo novo gera motivação e satisfação duradoura.
• Práticas de respiração e foco no presente regulam o sistema dopaminérgico e diminuem a fissura por recompensas rápidas.

Cuidado, não se angustie acreditando que precisa fazer isso tudo. Faça o que for possível, mas com intenção e consciência de que está buscando o melhor para você. A dopamina boa é ativada quando percebemos progresso e conquistas. Adote um bom hábito e evite estímulos artificiais, afinal você já sabe que, muitas vezes, “o barato sai caro”.