Eu, construtor da prosperidade comum
Ações diárias, atitudes simples e pequenos ajustes podem proporcionar significativas mudanças na sua vida financeira e da sua comunidade.
Mudanças de comportamento
Qual é o nosso papel nesta sociedade, que é feita de pessoas? Será que sabemos como ajudar as pessoas (amigos, familiares, comunidade) a terem uma vida melhor, mais digna e sustentável? E ainda, será que é possível ajudar o outro antes de olharmos para nós mesmos? Sendo membros de uma sociedade cooperativa como a Sicredi Pioneira isto faz mais sentido ainda, né?
Este foi o convite até aqui. Olharmos com visão de raio X para dentro de nós mesmos e identificarmos quais comportamentos devemos manter e quais devemos rever. Não convém pregar uma coisa e fazer outra. O comportamento de cada um é o que compõe o todo, e é por meio de nossa contribuição neste todo hoje, que temos a oportunidade de garantir um futuro melhor.
Todo processo de evolução passa, necessariamente, por revisões, concessões, renúncias e mudanças. Para mudarmos, é preciso nos desapegar das antigas ações. É importante compreender que os comportamentos antigos não fazem mais sentido diante de novos objetivos. Sair da famosa zona de conforto pede fé e coragem para lançar-se ao desconhecido - o que nem sempre é algo tão simples de encarar.
Toda mudança positiva em nosso comportamento, nos convidando a olhar com mais cuidado o nosso presente para termos resultados diferentes no futuro, passa pela busca da coerência entre teoria e prática. Com a nossa vida financeira não é diferente: para ampliar nossa consciência e sustentabilidade nas finanças será preciso exercitar (e muito) a disciplina.
Disciplina é Liberdade; Compaixão é fortaleza.
Renato russo
Equilíbrio Financeiro
Disciplina
Obediência aos preceitos, às regras: este trabalho pede disciplina. Modo de agir que demonstra constância, métodos: a disciplina é necessária para conseguir aquele trabalho.
A busca pelo equilíbrio financeiro deve acontecer todos os dias, repetidamente e incansavelmente. Hábitos vividos por longos anos tendem a se manter - é preciso querer mudá-los.
Depois de mudar, é preciso manter. A manutenção dos bons hábitos financeiros como o consumo mais comedido, a diminuição das compras por impulso, a maior participação da família no planejamento orçamentário, é o que nos permitirá seguir em frente com êxito.
Olha só alguns exemplos de pequenos hábitos que fazem grande diferença:
Lista de Compras
Em cada ida ao supermercado, além de levar uma lista com o que é preciso comprar (e ater-se exclusivamente a ela), mantenha um certo padrão na hora de passar os produtos pelo caixa, não misturando os tipos de compras. Vale utilizar uma espécie de “categoria de produtos”, passando primeiro materiais de limpeza, depois alimentos não perecíveis, gelados e assim por diante. Aliás, esta categorização já pode começar quando você faz a lista.
Produtos em Quantidade
Reavaliar marcas e tamanhos comprados. Produtos em maior quantidade costumam ser mais baratos. Costumamos comprar o sabão da marca tal porque acreditamos ser o melhor, sem nunca, ao menos, termos testado outro. Este sabão, que é o mais caro, pode representar um belo percentual de redução de despesas na conta “materiais de limpeza”, se nos permitirmos rever nossos conceitos, é claro!
Desperdício
O desperdício também é um ponto de alerta: quantos de nós chegamos ao final da semana com a gaveta de legumes e verduras da geladeira com produtos estragados, que têm a lixeira como destino certo? Compramos, não utilizamos e colocamos fora. Reavalie na hora da compra, se você levava 6 tomates para casa, que tal comprar 4? Por que não trocar o repolho grande por um pequeno? Vale mais voltar ao super no meio da semana para comprar o que faltou, do que jogar fora no domingo tudo aquilo que não foi consumido.
Mas qual seria o objetivo de fazer isso? Estratégia, gente!!!
Ao desenvolver estratégias que nos ajudem a mudar nossa relação com as finanças, precisamos de ações fáceis de fazer. Deste modo, alavancamos também a vivência do consumo consciente - uma grande responsabilidade de todos nós. Já pensou que, comprando mais do que é necessário, a gente ajuda a subir os preços?
É um ciclo:
Compro mais
Gasto mais
Os preços sobem
porque a procura aumenta, e menos gente tem acesso.
A consciência sobre os fatos deve nos acompanhar sempre – da escolha das verduras à previdência complementar. Somos todos, ao mesmo tempo, influenciadores e influenciados, nessa comunidade melhor que desejamos construir.
Fonte:
Fonte:
'Drink water': Ronaldo removes Coca-Cola bottles in press conference. Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=x2ZLS1V3iMw> . Acesso em: 17/12/2021.
Atenção
Nós já tratamos sobre os atalhos que a nossa mente cria. Instantaneamente, acabamos tendo respostas prontas para quase tudo...
Por isso, precisamos driblar o nosso cérebro quando ele vem com as respostas prontas que criamos. No exemplo acima, dos pequenos hábitos que fazem a diferença, ao separarmos os produtos quando chegamos em casa e relacionarmos as nossas despesas, manualmente ou no App, saberemos exatamente quanto foi gasto com o que. Isto facilita muito na hora da análise final, para sabermos onde estamos gastando mais do que deveríamos. No mês seguinte, estaremos muito mais atentos.
Lembrete
Não adianta mudar o comportamento somente no mês de anotar as despesas (enganar a si mesmo é feio, né?).
Claro que sofremos influências do mercado para consumirmos mais, e sabermos disso é o primeiro passo para não cairmos com tanta recorrência nas “ciladas”. Mas... tudo o que o mercado faz é estratégia, e as estratégias são criadas a partir dos comportamentos que as pessoas têm.
Nudges? Fazendo escolhas...
Alguns autores de renome fizeram profundos estudos sobre comportamento humano e estímulos à tomada de decisão. O fato de recebermos influências para determinados comportamentos, tem um nome bem bonitinho até, são os Nudges. Nudges não tem tradução literal para o português, mas quer dizer “um empurrãozinho”, um “vai lá” - um “totozinho” que nos incentiva à ação.
Para entender melhor o que é um nudge na prática, ouça o texto de Bruno Torrano. Ele conta do famoso experimento da mosca no vaso sanitário do banheiro masculino, que foi a solução para o famoso “xixi fora do buraco”, e outras curiosidades interessantes.
“NUDGE”. ACREDITE: VOCÊ REALMENTE DEVERIA SABER O QUE ESSA PALAVRA SIGNIFICA.
Fonte:
Fonte:
TORRANO, Bruno. “NUDGE”. ACREDITE: VOCÊ REALMENTE DEVERIA SABER O QUE ESSA PALAVRA SIGNIFICA. Empório do Direito, 2016. Disponível em: <https://emporiododireito.com.br/leitura/nudge-acredite-voce-realmente-deveria-saber-o-que-essa-palavra-significa> . Acesso em: 22/10/2023.
Nosso estudo aqui é com relação à educação financeira e os Nudges que nos interessam são aqueles que podem gerar impactos em nossa relação com o dinheiro.
Há estudos que dizem que o ser humano faz mais de 35 milhões de escolhas ao longo do dia.
CASA EDUCAÇÃO - Outubro 2018Estimulação da realização das intenções
Aqui um exemplo bem claro é aquele produto que, para vender fácil e rápido, promete soluções (por vezes mirabolantes). Aquelas vendas de remédios para emagrecer, ou a calça milagrosa que empina o bumbum e encolhe a barriga.
Informação sobre a natureza e consequências de escolhas passadas:
A natureza das suas escolhas tem a ver com a maneira como você sempre fez as coisas: “sempre escolhi este, seguirei escolhendo”. O mercado sabe da sua fidelidade por algumas marcas e se aproveita disso. Quer ver? “Não é assim uma Brastemp...”. Pra quem sempre escolheu Brastemp, vai escolher outra por quê? Gillette, Coca-Cola...
De modo ainda mais prático, vejamos abaixo estratégias que podem ser Nudges muito contributivos à vida financeira e pessoal:
- Poupança automática
- Previdência automática
- Lembretes para cuidar da saúde
- Lembretes para cuidar das finanças no presente e no futuro
- Previdência para os filhos
- Listas para facilitar o controle dos excessos, não só no supermercado
Fazer a lista já é um Nudge!
Podemos compreender esse “empurrãozinho” como ferramenta a nosso favor. Mas, como os especialistas em nos fazer comprar e gastar mais conhecem bem esse instrumento, tenhamos cuidado para evitar cair em despesas desnecessárias e nos afundar no consumo desenfreado.
O comportamento das pessoas durante o período da pandemia mudou muito. Uns encararam positivamente e reagiram bem, outros se reinventaram profissionalmente - pois muitas profissões e trabalhos deixaram de existir, mas teve quem enfrentou dificuldades diante do cenário - vimos ampliar os números de pessoas com ansiedade ou depressão, por exemplo.
Situações como essas podem, sim, levar ao consumo excessivo e ao decorrente endividamento. Tentamos compensar nossas aflições ou fragilidades de diversas formas e, considerando o isolamento social, em que o único modo de muitas pessoas se comunicarem com o meio externo foi o computador ou o celular, só fez crescer este risco. “Estou ansiosa, essa comprinha vai me fazer bem!”; “Tô cansada, mereço esse mimo...” Quem nunca?
Vamos fazer um exercício rápido de memória.
Quantas vezes, nos últimos 3 dias, você abriu seu notebook ou o celular e se deparou com uma oferta de algo que você um dia procurou ou falou?
Sim, porque as telas têm ouvidos e mostram o que falamos. Nem sabemos contar quantas vezes e quantos anúncios foram... de tantos que nos inundam! E em quantos você “caiu”? Se não caiu, parabéns! Se caiu, volte 5 casas neste jogo, e que sirva de aprendizado para não errar de novo!
Sigamos refletindo... Pense em um momento da sua vida em que você passou por um aperto financeiro. Quase todos nós já passamos por alguma situação em que o dinheiro fica escasso ou, ainda pior, que o dinheiro falta. Algumas possibilidades neste contexto:
O problema é resolvido, passamos por ele e elaboramos internamente o aprendizado, passando a agir diferente deste episódio em diante.
O problema é resolvido, passamos por ele, não aprendemos nada e em 6 meses outra situação semelhante acontece novamente.
Um ditado muito antigo fala que “Se aprende muito mais pela dor, do que por amor”. E o pior é que, em grande parte das vezes, essa é uma verdade! A dor de ver faltar dinheiro para as contas básicas, para comprar o que é necessário para a família, para atender ao desejo de um filho, ou ainda pior... para comprar comida! Circunstância muito ruim, que traz consequências emocionais gravíssimas.
Ao encararmos a escassez, podemos obter um aprendizado doloroso e transformá-lo em futuras consequências positivas. Porém, somente se conseguirmos mudar nosso comportamento e passarmos a agir diferente.
Após uma situação de escassez, tendemos a desejar a abundância logo em seguida. “Depois da tempestade vem a bonança”. No comportamento relacionado às finanças pessoais isto pode significar novas dívidas pela frente.
Olha um exemplo
Estava endividado, mudei o comportamento, saí da dívida, comecei a investir. E logo caí em tentação novamente. O recurso que consegui guardar usei de uma vez, sem controle e sem critério. Não houve aprendizado e o ciclo se repete. E podem ser muitos ciclos! Tristemente, para algumas pessoas isto dura a vida toda. Quando é que resolve? Quando a pessoa entende o aprendizado do endividamento e de todas as suas consequências, e muda a sua relação com o dinheiro. Não tem fórmula mágica, não tem receita de bolo, tem atitude coerente, disciplina e envolvimento de todos.
Reserva de Emergência
Falamos primeiro em anotar as despesas para ver aonde o dinheiro está indo. Depois falamos em definir nossos objetivos (sim, porque precisamos saber quanto custam nossos sonhos e colocá-los no orçamento) e, por último, falamos em orçamento, pensado, estudado, compartilhado com a família. E, se você viu o arquivo modelo do módulo passado, percebeu que existe um campo chamado “Reserva de Emergência”.
Reserva de emergência
Essa tal “Reserva de Emergência” pode ser encarada como a salvação da lavoura para dias difíceis. Só que ela não vem do “além”, precisa ser construída dia após dia. Como? Cada um é que sabe da sua realidade. Lá no orçamento familiar, além de todas as despesas da família, é preciso incluir uma provisão para este valor.
A recomendação que se dá como referência para a reserva de emergência é que o valor guardado mensalmente gire entre 2% e 5% da renda líquida da família por mês, e você pode ir ajustando isso ao longo dos meses à medida em que vai conseguindo buscar o seu equilíbrio financeiro. O mais importante aqui não é o valor, é a consciência de que esta reserva precisa existir e que você pode dispor deste valor caso precise.
Dica de Leitura
“Reserva de emergência: como fazer uma e quais os melhores investimentos”, InfoMoney, 2023. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/reserva-de-emergencia> . Acesso em: 22/10/2023.
Educação Financeira e Cooperativismo
Sobre a nossa consciência financeira, cabe ainda dizer que, estamos todos inseridos em um ambiente muito fértil: o cooperativismo! Nosso movimento entra na vida das pessoas quase pela corrente sanguínea.
Está no queijo que a gente consome
No vinho que a gente aprecia
No chocolate que a gente presenteia
E está na maneira como nos comportamos e como educamos nossos filhos. Fazemos parte, é fato! A cooperativa nos insere em um ambiente rico e diverso e nos permite sermos pessoas melhores.
A educação financeira deve estar arraigada em todos estes comportamentos. Educação financeira é consumir de forma consciente, buscar alternativas para a minha vida ser melhor (e a do outro também!), educar e inspirar nossas famílias e amigos para uma melhor saúde financeira, agir de forma consciente com o nosso dinheiro e orientar a quem pudermos para agir assim também. É assim que, com a colaboração de todos, teremos uma comunidade muito mais próspera.
Com ações diárias, pequenos ajustes, atitudes simples que levam a grandes resultados.
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