As compras de Ana e os pensamentos sabotadores

Você já sabia que o crédito é uma ferramenta poderosa que pode abrir portas para várias oportunidades, mas que também pode levar a armadilhas financeiras. Talvez o que ainda não esteja muito claro é o quanto as emoções interferem nas decisões financeiras. Muitas vezes, compramos por impulso ou deixamos que o medo de perder uma oportunidade nos leve a assumir dívidas desnecessárias.

Vamos refletir sobre a história da Ana que tem 35 anos, é gestora de marketing em uma empresa de tecnologia, tem um salário fixo, algumas economias e um cartão de crédito com um bom limite. Ela possui um histórico de uso responsável do crédito, mas, às vezes, compra por impulso. A Ana é uma personagem fictícia, ela não existe, mas a história dela é semelhante a muitas pessoas que conhecemos.

Como foi o dia em que Ana decidiu comprar? Ela estava planejando uma viagem de férias com amigos e, durante as compras para a viagem, viu uma bolsa que sempre sonhou em ter. O preço era alto e não poderia pagar à vista. Então o que ela fez?

1º) Ao ver a bolsa, Ana sentiu uma onda de excitação e vontade de comprar, mas também pensou: “Compro ou não?”, “Por que quero?”, “Será que preciso mesmo de mais uma bolsa?”. Enquanto ela já esperava na fila para pagar e os pensamentos invadiam a cabeça dela, percebeu que uma das razões para comprar seria a reação dos amigos quando a vissem com aquela bolsa. Não foi nada fácil para Ana admitir que impressionar amigos era mais forte do que economizar o próprio dinheiro. Foi então que ela deixou a bolsa e saiu rapidamente da loja.

2º) Já em casa ela revisou seu orçamento e percebeu que tinha saldo disponível no cartão de crédito, mas também notou que possuía outras despesas futuras.

3º) Mesmo tendo limite no cartão, Ana optou por não voltar a loja e decidiu economizar R$100 por mês durante os próximos seis meses, para comprar a bolsa à vista sem precisar usar o cartão de crédito. E assim, Ana foi dormir tranquila por ter controlado suas emoções. Mas, na manhã seguinte…

Ana acordou com um pensamento sabotador: “Será que estou tomando a decisão certa? Em 6 meses custará mais, não vou aproveitar para usar a bolsa e mais do que isso, eu mereço e tenho limite no cartão”. Mesmo depois de ter ficado satisfeita em não comprar, Ana ainda ficou em dúvida e sofreu por dizer “não” a si mesma. Já aconteceu algo parecido com você? Mesmo quando a razão nos mostra que o melhor é esperar, não significa que aceitamos facilmente. Caso você passe por algo parecido, lembre-se de algumas dicas práticas:

1. Reforce seu Autoconhecimento: Antes de utilizar o crédito, faça uma autoavaliação financeira. Conheça sua renda, despesas e dívidas existentes.
2. Estabeleça Limites: Independente do valor do seu crédito no cartão, estabeleça o seu limite, ou seja, quanto você vai conseguir pagar mensalmente sem comprometer sua vida financeira.
3. Diferencie Necessidades e Desejos: Antes de fazer uma compra pergunte-se: é uma necessidade ou um desejo? Separe um tempo para pensar, verdadeiramente, sobre isso.
4. Pratique a Regra dos 30 Dias: Espere por um mês antes de comprar. Nesse tempo, a ansiedade poderá passar, mas se você ainda quiser fazer a compra e tem possibilidade financeira, siga em frente.
5. Lembre-se: O Crédito é para facilitar compras planejadas e investimentos, e não uma solução para problemas emocionais influenciados por ansiedade.
6. Continue ampliando sua educação financeira: Quanto mais você souber sobre finanças pessoais e os impactos das emoções mais consciente será em suas decisões.

E a Ana, comprou a bolsa depois de 6 meses? Sim, ela comprou à vista e ficou muito feliz, além de conseguir 10% de desconto, de ganhar um valor em juros porque investiu os R$ 100 todos os meses, ela ainda teve certeza de que consegue controlar sua ansiedade. Ao entender as emoções envolvidas nas decisões financeiras e aplicar dicas práticas no seu dia a dia, você poderá ter uma relação cada vez mais positiva e construtiva com o crédito, fortalecendo sua autoestima e ampliando seu autoconhecimento financeiro.