Analise de cenário econômico: de olho no Legislativo
Por Pedro Lutz Ramos – Gerente de Análise Econômica
Analisando o cenário interno, temos uma conversa otimista. O presidente Bolsonaro, empossado em janeiro, com sua equipe de economia, liderada pelo Ministro Paulo Guedes, já sinalizam uma série de medidas que possivelmente serão encaminhadas ao Congresso e que vão muito claro no sentido de ajustar as contas públicas e melhorar o ambiente de negócios no Brasil.
Essa mudança causada pelo governo retira do cenário os riscos que nós chamamos de “risco de agenda”, que é o risco criado quando o Executivo de um determinado país não caminha no sentido de alterar as leis com intuito de proteger os financiadores da dívida pública de um calote.
O desafio daqui para a frente, que nós devemos observar para ficarmos mais otimistas ou mais pessimistas, será observar o comportamento do Legislativo. A capacidade que o Legislativo terá de discutir e aprovar essas medidas que serão encaminhadas do Executivo para o Legislativo ao longo de 2019. Toda vez que nós vemos uma medida ser encaminhada, ela nos torna mais otimista, mas se ela vai ser aprovada e se tornar realidade depende do Legislativo. Então observar os passos do Legislativo vai ser chave para saber se o Bolsa de Valores vai subir, se as empresas brasileiras vão ganhar valor, se a economia brasileira vai ser mais bem avaliada pelas agências de classificação de risco. Tudo isso vai depender do Legislativo.
A nossa visão, de forma conservadora num primeiro momento, é o que a gente chama de reformas moderadas. Nós acreditamos que o Legislativo brasileiro vai adotar uma série de medidas propostas, mas as grandes reformas que demandam uma maioria constitucional, ou seja, que seria de 3/5 da casa, uma maioria robusta, e em duas votações, tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados, faz nós ficarmos cautelosos com a capacidade de aprovação do presidente em todas essas medidas.
Nós acreditamos que as contas públicas começarão a caminhar para o ajuste, mas ainda de forma bastante lenta. As melhoras institucionais, de leis, acreditamos que a maioria simples, consegue mudar uma porção de regras que são importantes para o crescimento econômico, como abertura comercial e privatizações. Para isso não precisa de 3/5 da casa. E essas devem acontecer no governo Bolsonaro. E elas por si só já devem melhorar o ambiente de negócios. O cenário de reformas moderadas é híbrido: entre o que já tínhamos como sinalização do governo Temer e de implementações de coisas um pouco melhores, que melhoram um pouco mais a economia brasileira.
Com isso, a taxa de câmbio deve ficar estável. Uma pelo cenário internacional mais difícil, e outra porque o mercado já adiantou boa parte das melhorias que nós esperamos. Então a taxa de câmbio deve continuar oscilando entre R$ 3,70 e R$ 3,90. Essa última taxa mais alta em momentos mais raros, em momentos de tensão internacional.
A inflação deve continuar baixa. Isso porque nós vamos ainda demorar para retomar o nível de atividade que nós perdemos lá em 2014. E, portanto, para reaquecer a economia a ponto de que o repasse de custo, o repasse de preço, seja aceito por parte do consumidor ou que as empresas tenham vontade de subir preço, deve demorar mais tempo. Isso deve viabilizar que a alta de juros no Brasil, por parte do Banco Central, fique apenas para 2020. Ou seja, 2019 deve ser um ano de juros estáveis, na base de 6,5% durante todo o ano.
Pela parte do crescimento econômico, nós acreditamos que a recuperação da confiança através do governo novo e dessas medidas já citadas, as reformas grandes sendo aprovadas, ainda que de forma diluída, devem permitir que a confiança possa ser restaurada gradualmente ao longo do ano. Na outra ponta, os juros baixos devem continuar motivando o consumo das famílias, especialmente de bens duráveis. E esse deve ser o motor para fazer o país sair do crescimento de 1,3% em 2018 e caminhar para algo mais próximo de 2,5%. Mas é claro: esse cenário só acontece se as reformas ocorrerem. Caso não ocorram, voltamos para um mundo de volatilidade, baixo crescimento e, quem sabe, até alta de juros.
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